Já adianto que não sou nenhuma crítica esportiva, nem mesmo que assisto futebol com frequência. Mas a Copa do Mundo possui um quê especial desde que me lembro.
(Ainda estou digerindo a perda do Brasil no último jogo das quartas de final, mas o foco deste post é o Tite).
Apesar da memória às vezes não tão boa, me lembro da imagem e reputação do Tite, técnico do Brasil, como uma pessoa séria, difícil, que não gosta de errar (e, muitas vezes, não aceita errar). Convenhamos, realmente é difícil errar naquilo que a gente gosta e se dedica a vida inteira.
No início desta Copa, notamos um Tite mais aberto, que de vez em quando soltava um ligeiro sorriso de euforia, um técnico que abraçou o time, que se sentou ao lado deles nos momentos de tensão.
Foi aí que percebi que ele provavelmente estava sendo assessorado por uma comunicação corporativa.
O Tite pareceu deixar de ser a marca de um técnico para ser a marca do Brasil. Não é segredo que o nosso país era o favorito mundialmente para ganhar o torneio. Ele seria, muito provavelmente, o técnico que levaria o Brasil ao Hexa e o técnico que entraria na história da Fifa e do mundo por essa conquista.
Por isso, o Tite tomou algumas decisões: colocou em campo, num mundial, todos os 26 convocados (momentos raros no futebol), Brasil é a única seleção que utilizou todos os jogadores convocados na Copa. Tite foi aquele que jogou com o time reserva durante um jogo inteiro, mesmo percebendo que poderíamos perder, no jogo do Brasil contra o Camarões (não por falta de talento, mas experiência e dinâmica de time, talvez). Tite fez a dança do pombo ao lado do seu mais novo pupilo, Richarlyson.
Tite estava sendo comunicativo a ponto de todos “esquecerem” da sua imagem dura. Tite assumia uma postura de líder com o seu novo posicionamento. E, infelizmente, pôs tudo à perder.
Um líder caminha com a equipe, acolhe na dor e impulsiona na alegria. Tite demonstrou mudança na sua imagem com pequenas comunicações, mas significativas, que não tiveram consistência até o final.
Como todo líder, não basta ser nos momentos bons, precisa ser mais ainda nos momentos difíceis, e foi isso que o Tite demonstrou não saber. O técnico, ao ver o resultado final, não foi ao gramado consolar seus jogadores. O comandante da equipe, logo deu uma entrevista afirmando deixar a seleção brasileira.
Momentos difíceis exigem pessoas concentradas, que vestem a camisa, que sabem a hora de acolher e de cobrar, a hora de assumir erros e pensar em soluções. Nesse momento, Tite deixou um outro lado falar (e não tanto racional).
Liderança é Comunicação e Comunicação deve ser consistente e coerente, um ou dois momentos não definem um líder, mas uma coleção deles.